Ângela Maria Comemora 50 Anos de Carreira com Disco de Ouro
Se falarmos em Abelim Maria da Cunha , um nome bem diferente, apesar de todo seu sucesso, poucas pessoas irão lembrar que estamos falando de uma das grandes divas da nossa música, com mais de 50 anos de carreira, conhecida internacionalmente pelo codinome de Ângela Maria.
Nascida no dia 13 de maio de 1928, em Conceição de Macabu, distrito de Macaé no Rio de Janeiro, a filha do pastor protestante, saía de casa escondida para conquistar o seu grande sonho de ser cantora.
A música sempre esteve presente na sua vida, desde a sua infância, quando ouvia seu pai cantando músicas evangélicas, e mais tarde tornou-se fã número um de Dalva de Oliveira. Como sua família era muito humilde, Ângela começou a trabalhar muito cedo para ajudar em casa, e ter algum dinheiro para seus gastos.
Durante a entrevista lembrou do emprego na fábrica GE, como inspetora de lâmpadas, o último trabalho antes de iniciar a carreira artística. O setor era um dos mais produtivos, mas com o passar do tempo houve uma queda. O dono não entendia o que estava acontecendo pelo fato de serem os mesmos funcionários, a mesma carga horária e a produção ter caído tanto. A explicação era simples, o tempo passava mais rápido quando cantava no horário de serviço, e os seus colegas paravam para aplaudir. Ao conferir de perto o dono descobriu o motivo tendo como resultado: a sua demissão.
Na verdade esse fato serviu para dar início a sua carreira, freqüentando programas de calouros nas rádios. Antes só havia cantado em coros de igrejas, pelo fato de não ter tido o apoio da família para seguir a trajetória artística. Participou de vários programas com o pseudônimo de Ângela Maria, para que sua família não descobrisse que estava totalmente envolvida com a música.
Em 1948 decidiu seguir a carreira de cantora, e aos 20 anos, depois de uma rápida temporada como crooner do Dancing Avenida, foi descoberta e levada para a Rádio Mayrink Veiga, em seguida marca sua estréia em disco em 1951. No ano seguinte, o samba “Não Tenho Você”, transforma-se no maior sucesso nacional conquistando os primeiros lugares nas paradas por mais de 15 anos. Um recorde…
Com certeza o inicio do grande sucesso, por isso foi considerada a cantora mais popular do Brasil na década de 50 conquistando o título de Rainha do Rádio durante quatro anos consecutivos. Apesar de ter gravado muitos tangos, boleros, baladas, músicas italianas e espanholas foram através dos sambas-canções que conquistou o seu espaço.
Em 54 estava estourada com as músicas “Abandono”, “Orgulho” e “Vida de Bailarina”, foi escolhida por Getúlio Vargas para participar do reveillon junto com outros artistas. Durante o cumprimento, o presidente a chamou de “Sapoti”. Sem saber o que era ficou meio pensativa, mas logo ele disse que a cor da sua pele era igual a fruta morena, e doce como a sua voz. O apelido ficou eternizado.
Ao longo de sua carreira colecionou sucessos como: “Lábios de Mel”, “Fósforo Queimado”, “Babalu”, “Garota Solitária”, “Nem Eu”, “Gente Humilde”, “Tango Para Teresa”, “Cinderela” e outros. Em 81 faz a sua primeira gravação ao lado de Cauby Peixoto, uma parceria que funcionou tão bem que no ano seguinte gravaram juntos o LP Ângela e Cauby proporcionando a dupla uma série de shows por todo o Brasil.
Em 96, o álbum Amigos cantando ao lado dos maiores nomes da MPB, atinge mais de 500 mil cópias, e no ano seguinte, um tributo a Dalva de Oliveira, sua primeira inspiração Pela Saudade Que Me Invade, e em 99, depois de 20 anos volta a gravar com Agnaldo TimóteoSempre Sucesso.
Não há dúvida alguma que Ângela Maria tenha sido uma das únicas cantoras a gravar no mesmo ano oito lps, somando ao longo de sua trajetória 114 discos gravados. Uma verdadeira conquista para uma artista brasileira.
O RETORNO COM DISCO DE OURO
Depois de quatro anos sem gravar, Ângela retorna com o cd Disco de Ouro, em comemoração aos 50 anos de vida artística, lançado pela Lua Discos de propriedade do cantor e compositor Thomas Roth, que também assina a direção geral.
Muito mais que uma cantora popular, é um mito da música brasileira, e ao longo de sua trajetória colecionou um repertório muito rico inspirando o canto de artistas entre eles: Elis Regina, Clara Nunes e Milton Nascimento.
Com tantos discos gravados festeja o seu jubileu interpretando as músicas que gosta de cantar e nunca havia gravado, além de ter escolhido os compositores que nunca estiveram em seu repertório entre eles: Lulu Santos, Maysa, Cartola, Johnny Alf, e a visita aos velhos amigos como Tom Jobim , Djavan, Dolores Duran, Gonzaguinha, habituais em seu repertório. O resultado um belíssimo encontro de estilos e gerações. A seleção do repertório contou com o pesquisador de música e jornalista Thiago Marques. Os arranjos pelo talentoso Keco Brandão, pianista e arranjador que trabalhou com Zizi Possi, Ivan Lins e Jane Duboc. Nesse trabalho, Ângela conseguiu pela primeira vez uma renovação total, não só tendo a sua volta gente jovem com grande conhecimento musical, mas principalmente a liberdade de escolha que nunca haviam lhe dado, opinando nos arranjos, repertório, nas fotos e encarte.
Com um contrato de três anos têm muitos projetos, a gravação de um DVD e um cd com músicas inéditas.
Faixas:
- Sozinho (Peninha)
- Olha ( Roberto e Erasmo Carlos)
- Dores de Amores (Luiz Melodia)
- Por Causa de Você (Tom Jobim – Dolores Duran)
- Não Me Perguntes Mais (Vicente Garrido – versão Thiago Marques)
- Resposta (Maysa)
- Como Uma Onda (Lulu Santos – Nelson Motta)
- Eu e a Brisa (Johnny Alf)
- Oceano (Djavan)
- As Rosas não Falam (Cartola)
- Prece (Marino Pinto – Vadico)
- Faz Parte do Meu Show (Renato Ladeira – Cazuza)
- Paulista (Eduardo Gudin – Costa Netto)
- O Que É, o Que É (Gonzaguinha)
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